Emeli Sandé,
assim como a australiana Sia,
começou sua carreira escrevendo músicas para outros artistas como Cheryl Cole e Tinie Tempah, até perceber que seu talento era grande demais pra
ser confinado a trabalho nos bastidores.
Nascida em 10 de Março de 1987 em Alford, Escócia, Emeli
ficou conhecia no cenário musical europeu (e mundial) em 2011, com seu
grandioso álbum de estréia 'Our Version of Events', que com singles como 'Heaven' e 'Next to me', vendeu mais de 2 milhões
de cópias apenas no Reino Unido.
Após mais de cinco anos de silêncio, o segundo álbum da
cantora era ansiosamente aguardado, principalmente na Europa. Eis que em 11 de
Novembro de 2016, 'Long Live the Angels' finalmente viu
a luz do dia.
Assim como em seu primeiro álbum, Emeli continua a
entregar uma voz potente e deliciosa aliada a altas habilidades em escrita e
uma instrumentação primorosa. Mas dessa vez, todo esse poder musical foi
direcionado para dentro. pois a cantora mescla e insere o tema da religião no processo de dor e cura que envolve um relacionamento amoroso que não funciona. Mais que um álbum sobre coração partido, 'Long Live the Angels' é uma versão musical de um 'bildungsroman', termo em alemão que significa 'romance de construção', uma definição ampla que, no caso, seria uma história que narra o desenvolvimento interno de um personagem.
Trata-se de um álbum que mescla pop, soul, gospel e R’n’B de uma forma particular. Ao abandonar certos excessos vocais,
Emeli chega a arranjos menos genéricos, onde até mesmo traços de folk e electronic são vistos.
Veja nossa resenha
faixa a faixa:
1. Selah
O álbum é aberto por uma música curta com um coral discreto enquanto a voz de Emeli sofre um eco bastante
interessante, é uma canção gospel,
indica logo de cara a espiritualidade e a intimidade que o álbum proporciona.
2. Breathing Underwater
O segundo single do
álbum continua tocando na espiritualidade de Emeli. Fala sobre liberdade de uma
forma abrangente, uma tão grande quanto poder 'respirar sob a água'. Musicalmente, ela mantém o coro, mesmo que de forma mais
sutil, aliada a uma instrumentação R’n’B bastante típica.
O clipe mostra diversas pessoas passando por situações
passando por problemas pesados como não-aceitação do próprio corpo e abuso de
drogas, até que se libertam de suas angústias, lembrando um pouco o clipe de 'My Kind of Love'.
3. Happen
É uma faixa relativamente minimalista, que consegue a
proeza de não ser monótona apesar de manter o mesmo tempo até o final. Ela se inicia com o crepitar de uma fogueira, e um baixo
acompanha Emeli até que sua voz explode em emoção no final. Essa canção
confronta a espiritualidade com a desesperança do eu-lírico, mantendo o clima gospel iniciado em "Selah".
4. Hurts
Pondo fim nos hinos gospel,
o lead single do álbum já chegou
abalando os fãs ansiosos. Já nos primeiros teasers
já enervava quem esperava o retorno de Emeli Sandé, que voltou em meio a
palmas, baixo, bateria e piano numa música arrepiante que tende bastante ao rap em algumas partes. Liricamente, trata da velha história do parceiro que ama
demais e sofre com a distância e secura do outro.
O clipe é uma obra a parte, com uma fotografia
deslumbrante. Alterna cenas onde se canta em estúdio e takes numa praia com falésias e o homem que não quer abaixar seus muros emocionais para nossa Emeli.
5. Give me Something
Essa canção é acústica, constando apenas de voz e violão.
Ela retoma a temática de 'Happen', confrontando fé e desesperança.
6. Right Now
Mais sofisticada instrumentalmente que a anterior, "Right now" utiliza novamente o eco suave
na voz de Emeli que foi usado em "Selah".
Ela evoca qualquer sentimento ruim trazido por um rompimento, sendo bastante
sentimental e emocionante.
7. Shakes
Essa faixa tem uma orquestra bastante discreta e
crescente. Assim como "Hurts", traz o
personagem do parceiro que não parece estar muito interessado no amor
desesperado do eu-lírico. É uma música que precisa ser apreciada.
8. Garden feat. Jay Electronica e Áine Zion
Essa é uma canção absolutamente inesperada. É bastante
eletrônica em relação ao resto do álbum, e de certa forma experimental. Apesar
dos samples e do sintetizadores,
ainda se vê a essência de Emeli nessa música. O título é uma referência ao Jardim do Éden, e batiza uma
música que é uma expressão de paixão e liberdade.
O terceiro single do
álbum tem um videoclipe bastante literal, mostrando os três cantando em
jardins/florestas, enfim, meios que remetem a vegetação.
9. I’d Rather Not
Abrindo com uma espécie de harpa distorcida que denuncia
ser uma música sobre algum tipo de libertação, essa música é bastante calma e
transmite paz. Elegante sem cair no clichê, fala sobre não fazer sentido voltar
para uma pessoa que já quebrou seu coração uma vez sem nada indicando que não vai
quebrar novamente. Empoderadora, simplesmente.
10. Lonely
É uma canção simples, cujo instrumental é dominado pelo
violão. Fala sobre a solidão que ataca uma pessoa após um término. Não tem muito apelo, não é do tipo que fina na cabeça de quem escuta.
11. Sweet Architect
Após um término, ajuda espiritual pode ser uma solução
pra atravessar a má fase. Essa canção é um apelo a alguma instância superior
por ajuda para atravessar os momentos difíceis. Instrumentalmente é simples, basicamente um piano bem
tocado acompanhando um coro eventual em uma canção altamente gospel.
12. Tenderly
Essa faixa começa acústica, apenas com violão, mas cresce
com adição de coro (coro infantil de Serenje,
Zâmbia) e bateria. É bem mais dinâmica que a anterior, denunciado que a
intervenção divina de 'Sweet Architect' deu certo e que Emeli conseguiu se abrir novamente para o amor.
13. Every Single Little Piece of Me
Essa é uma das canções instrumentalmente mais complexas
do álbum, com uma batida midtempo bem
demarcada. Ela fala sobre entrega, sobre dar cada pedaço de si para outra
pessoa.
14. Highs &
Lows
O quarto single
do álbum é sua canção mais dançante e animada, com o instrumental tão
complexo quanto a faixa anterior. É um soul
bastante alegre, e fala sobre estar junto de alguém nas fases boas e ruins. O clipe é bastante simples, mostra Emeli cantando
acusticamente enquanto toca piano e é acompanhada por beatbox, até que a versão do álbum começa a tocar numa espécie de
festa.
15. Babe
A versão standard do
álbum é fechada por uma canção bastante alegre, que complementa a canção
anterior. Dotada de efeitos distorcidos bastante interessantes, é uma canção de
amor bastante doce, que mostra que depois de toda a jornada ao desespero e a
ajuda divina, Emeli finalmente pode amar novamente.